Migrar um File Server local para o Azure - Parte 1
Olá pessoal! Blz?
Quero trazer em alguns artigos algumas experiências que tive com migrações de File Servers on-premises para cloud, a primeira vez que fiz isso foi em 2020 em uma migração para o SharePoint e depois com muita frequência para o Microsoft Azure, usando tecnologias como o Azure File Sync onde mantinha-se um servidor local fazendo cache aos arquivos e também migrando 100% para o Azure file share.
Eu prefiro a abordagem de migrar para um Azure File Share pois conseguimos manter as permissões atuais NTFS e a mesma forma de administrar as permissões, e com isso manter um nivel segregado de permissões, algo que com o SharePoint acho muito dificil!
Recentemente ajudei um amigo a migrar um File Server 100% para o Azure e confesso que fiquei surpreso, pois a muito tempo não via sobre migrações como essa, o que tenho visto muito são migrações para o SharePoint para ter uma mobilidade maior e com isso o acesso aos arquivos de uma forma mais fácil remotamente e de qualquer lugar. Mas nada que uma boa e velha VPN não resolva o acesso aos outros tipos de File Server 😊 😜.
Vou trazer em 2 artigos como migrar um File Server local para 100% no Microsoft Azure e com isso não precisar mais manter um servidor on-premises com essa função. A primeira parte irei criar a infraestrutura de Storage Account no Azure e na segunda parte incluir o File share no domínio do Active Directory e como fazer a movimentacão dos arquivos para a cloud.
Gostaria de deixar claro que será a minha opinião e experiência, caso você tenha outra visão ou experiência, seja bem vindo a contribuir nos comentários ou em contato comigo.
Vantagens e desvantagens usando um File Server 100% Cloud
Todo projeto ou mudança em um ambiente de TI temos que pesar os prós e contras, para que futuramente não haja mais dor de cabeça do que ja temos no dia a dia 😊😊 e com isso até no limite extremo realizar um roll back do que planejamos.
Vantagens
Redundância: podemos ter uma redundância dos arquivos muito mais “simples” do que fariamos on-premises, na cloud podemos ter essa redundância localmente (LRS), em outra zona (ZRS) ou outra região do Azure (GRS).
Serverless: não teriamos a necessidade de manter localmente um ou mais servidores com a função de File Server, com isso menos trabalho administrativo.
Segurança: o acesso ao Azure File Share é sempre autenticado e todos os dados que são armazenados são criptografados em repouso usando a SSE (Criptografia do Serviço de Armazenamento) do Azure, além de ter criptografia em trânsito habilitada.
Permissionamento: manter as permissões NTFS mesmo migrando os arquivos para a cloud.
Otimização de custos: você paga o que consome ou o que provisiona se estiver usando uma Storage Account Premium, mas é muito mais fácil e barato quando é preciso aumentar a capacidade to que comprar discos para uma Storage local.
Desvantagens
- Não ter cache local: acessando os arquivos diretamente no Azure File Share não temos um cache para acessar de forma mais rápidas os arquivos, ou seja, em todo o acesso é feito o “download” do arquivo.
Arquitetura sugerida
Na arquitetura sugerida aqui tem como base que os acessos aos arquivos migrados para o Azure será somente a partir da rede on-premises da empresa, para isso iremos criar uma VPN Site to Site entre o ambiente local e o Microsoft Azure, mas podemos ter uma VPN Client to Site e com isso também acessar os arquivos remotamente, garantindo com isso que o acesso mesmo público esteja criptografado e dentro do controle da empresa.
Temos também o Active Directory local em sincronia com o Microsoft Entra ID através do Microsoft Entra Connect.
Infraestrutura no Microsoft Azure
Conforme a arquitetura sugerida, teriamos um ambiente on-premises ligado ao Microsoft Azure através de uma VPN (Virtual Private Network) para que tenhamos uma comunicação privada, em empresas com um ambiente grande é comum que invés de uma VPN tenha-se um ExpressRoute fazendo essa conexão. Não estarei demonstrando o processo de criação da VPN mas deixo aqui o link de como podem fazer isso: Tutorial: Criar uma conexão VPN site a site no portal do Azure.
Precisamos também de uma Storage Account com um File Share para que façamos o mapeamento de rede através do protocolo SMB.
Partindo do princípio que temos uma VPN ligando nosso ambiente on-premises e o Azure vamos fazer toda essa comunicação de forma privada, caso você não tenha essa VPN você precisará deixar a Storage Account pública para poder acessá-la!
Se estiver reproduzindo isso em laboratório para aprendizado, você pode criar uma máquina virtual para acessar a Storage Account de forma privada desde que as redes virtuais estejam interligadas (peering), simulando assim um ambiente real
Storage Account
Para criar a Storage Account podemos deixar alguns itens como default, mas outros precisamos definir no momento da criação do recurso, inicialmente precisamos definir o Resource Group, o nome da storage account e a localização.
Para o nome da Storage Account temos que definir um nome que seja único em todo o Azure, e mesmo que o tamanho padrão do nome desse recurso seja de 3 a 24 caracteres, precismos definir até no máximo 15 caracteres, isso porque iremos ingressar essa storage account no domínio do Active Directory e com isso a limitação do tamanho de 15 caracteres do NETBIOS, o nome deve conter apenas números e letras em minúsculo.
O passo/decisão mais importante é na escolha do tipo (Performance) da Storage Account pois é muito relevante para o custo e latência. No próprio portal do Azure ao criar uma storage account e escolhermos o serviço principal já temos algumas informações que nos ajudará a escolher:
Você lendo o que o portal informa você tende a escolher uma storage account do tipo premium mas não nos diz o mais importante e “perigoso” que é a forma de cobrança entre os tipos de desempenho:
Standard: recomendável para usos gerais e o desempenho é como um HD do tipo HDD, a forma de cobrança é pelo o que você esta consumindo, exemplo: se alocou 1TB e está usando 500GB pagará somente os 500GB.
Premium: recomendável para baixa latência e alta velocidade de rede e é como um disco SSD, porém, a forma de cobrança é pelo o que você está alocando de espaço ao file Share, exemplo: e alocou 1TB e está usando 500GB pagará o 1TB alocado.
Isso já vi acontecer muito, quando chega a conta o susto é grande, por isso cuidado e planejamento é muito importante nessa decisão.
Uma parte também considerável no custo e a forma de redundância do seu dado, abaixo as opções que temos que escolher e já vem com uma breve descrição, o mais barato é o LRS (Locally redundant storage) que copia seus dados de forma síncrona três vezes em um único local físico na região primária.
Networking (modo de acesso)
Na aba “Networking” você deve configurar como será o acesso a Storage Account, e em um ambiente corporativo a recomendação é que se mantenha privada e o acesso seja feito por private endpoints como foi sugerido a criação na imagem abaixo, agora se você está apenas praticando pode ignorar esse passo e deixar ela de forma pública pois acredito que os arquivos não sejam confidenciais.
Na criação do private endpoint é importante escolher a opção file em “Storage sub-resource””.
** R E P E T I N D O **
Se estiver reproduzindo isso em laboratório para aprendizado, você pode criar uma máquina virtual para acessar a Storage Account de forma privada desde que estejam na mesma VNET, simulando assim um ambiente real.
Após essas configurações pode finalizar a criação da Storage Account.
Criando o file share
O Azure File Share oferece compartilhamento de arquivos totalmente gerenciados na nuvem que são acessíveis por meio do protocolo SMB, do protocolo NFS (Network File System) e por API REST. É possível acessar Azure File Share através do protocolo SMB em clientes Windows, Linux e macOS e é possível acessar os compartilhamentos de arquivo do Azure do protocolo NFS de clientes Linux.
Para criar um File Share, na storage account que criamos acima vamos embaixo de Data storage -> File shares -> + File share:
Depois de digitado o Nome e escolhido o Access tier de acordo com sua necessidade entre performance e custo, clique no botão Review + Create:
Se no momento de criar a Storage Account você escolher o tipo Standard você não precisa se preocupar com o espaço pois só pagará pelo que estiver armazenado mas se escolheu o tipo Premium, onde pagará pelo que está alocado, você precisa definir o tamanho durante a criação do File Share mas pode diminuir ou aumentar o espaço do File Share da seguinte forma, clicando em Save para confirmar:
Lembrando que o tamanho mínimo do File share do tipo Premium é 100GiB.
Concluindo!
Suponhando que já tinhamos uma rede virtual no nosso ambiente Azure, criamos a Storage Account com um private endpoint para manter a conexão aos arquivos de forma privada e criamos o file share que é onde os arquivos ficarão armazenados dentro da Stora Account.
No próximo artigo iremos ingressar a storage account no domínio do Active Directory e copiar os arquivos para o Azure através do Robocop.
Bom pessoal, espero que tenha gostado e que esse artigo seja útil a vocês!
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